quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Hiato

Polónia Antiga Um escrito famoso disse em tempos que o objeto mais precioso para ele era a borracha. Não o lápis com o qual ele rascunhava as ideias e os pensamentos, não a caneta de que se servia para perpetuar esses elementos de escrita, mas a borracha que se ocupava de apagar as palavras mal medidas ou os pensamentos mais descompostos. Se a borracha é o instrumento mais valioso para um escritor então a tecla DELETE deve ser o equivalente para um bloguista.

Acredite que é com pena que não escrevo com mais frequência e às vezes penso na falta de consideração para com o leitor, deixá-lo à espera de novidades ou de um artigo que o entretenha. Mas escrever sobre o quê?

- Sobre a tua vida na Polónia, cretino! Como pode um país assim tão diferente do teu cessar de dar motivos para se escrever?

Realmente, este terra é um manancial de temas que nunca mais acaba, quase todos os dias sucedem coisas que nunca hão-de acontecer em Portugal ou em qualquer outra nação do ocidente europeu, como a nova lei das faturas e vendas a dinheiro que obriga cada contribuinte a manter em seu poder durante cinco anos, não sendo importante se se trata do recibo de compra dum plasma de 70 polegadas ou de uma imperial e um pires de arenque em vinagre ou a Kolęda, a visita que cada padre faz ao seu rebanho por alturas do Natal e que me deixa sempre no dilema entre ser bem-educado e convidá-lo a entrar mesmo que eu já saiba que as minhas respostas às perguntas do pároco irão cada vez mais abrir-lhe a boca, não de fome porque durante a kolęda os curas são opiparamente alimentados pelos fiéis desejosos de lhes contar relatos e provas de quão praticantes são, despejando talhadas de fiambres e outras charcutarias pela eclesiástica goela abaixo numa tentativa de comprar a simpatia do Criador através da satisfação gástrica do seu representante, mas de pasmo por ter diante de si um ser atlântico quase quarentão que renega divindades, não lhe apresenta bandejas de carnes frias nem cestas de frutas frescas, muito menos um licorzinho de bagas silvestres destilado num alambique caseiro, portanto ilegal, ao qual o sacerdote não se nega mesmo que seja contra os cânones do clero, não lhe canta loas nem lhe fala da velha e relha estória do casamento e procriação.

Os tempos aqui são de repriorização de objetivos, restabelecimento de metas e redefinição de focos de ação. 2013 começou com novidades inesperadas que obrigaram a embaralhar as cartas e dá-las de novo, por isso a atenção tem estado mais voltada para as questões de índole laboral porque essas é que me fazem comprar melões, um homem pode sobreviver com muita trampa mas não pode fazê-lo sem trabalho e enquanto a faísca da saúde não me faltar tem de ser por esse diapasão que afino.

Por isso e por outros motivos que não vale a pena trazer à colação, peço-lhe, leitor, um bocadinho de paciência. Tenho uma amiga que me explicou esta falta de tema, comparou-a à crise do Sporting, que os grandes também passam mal mas que inevitavelmente renascem das cinzas como fénixes e que eu só tinha de esperar. Assim como outro grande escritor definiu numa obra sua a origem dos melhores livros: Esperar que venha uma ideia, não forçar mas esperar, e se ela não vier espera-se mais um pouco.

Portanto…

2 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde. sabe-me dizer se o fórum portugueses na polónia vai voltar a funcionar? obrigado.

PM Misha disse...

pelo que eu soube, um dos proprietário do fórum perdeu o interesse pela manutenção do mesmo, o outro proprietário já não reside na polónia e por isso o site foi abaixo. infelizmente não me parece que o reponham em funcionamento q:(